Carlos Fernando
Carlinhos - como era chamado pelos amigos - nasceu em Caruaru em 19 de Outubro de 1937, e começou na vida artística por volta de 1956 fazendo teatro com Luiz Mendonça, chegou até a escrever uma peça chamada “A Chegada de Lampião no Inferno”, inspirada no cordel clássico de José Pacheco.
A peça inspirou Carlos Fernando a compor em parceria com Geraldo Azevedo, o frevo “Aquela Rosa”, a primeira composição dos dois, e gravado a primeira vez num compacto de Teca Calazans em 1967. A música tirou em primeiro lugar na 2º Feira de Música do Nordeste, empatada com Chegança de Fim de Tarde, de Marcus Vinicius de Andrade.
“Carlos
Fernando tinha escrito uma peça, um negócio de Lampião… e eu, porra, a
maneira que ele escrevia, eu disse, rapaz você deveria fazer letra de
música. Tem várias coisas que davam pra musicar. Acho que ele já tinha
uma ideia, mas não tinha botado isso pra fora, isso de compor. Aí ele me
deu Aquela Rosa, botei a música em cima, inscrevemos no Festival de
Música Popular do Nordeste e ganhamos o festival”.
(…)
“Foi a
minha primeira composição e também a dele. Foi inspirada nos corsos, que
ainda existiam. O rapazes e as moças, dos carros, iniciavam uma paquera
jogando pitombas um nos outros. Não dava pra ser Aquela pitomba, então
entrou a rosa” revela Geraldo Azevedo.
Geraldo
Azevedo foi o grande parceiro de música de Carlos Fernando contando com
várias composições juntos. Amigos de longa data, tem música de Carlos
desde o 1º LP de Geraldo Azevedo lançado em 1977, com a música “Caruaru
City Jazz”, que foi censurada pela ditadura e por isso teve que mudar o
nome para “Coração do Agreste”. Gravada na última faixa desse 1º disco
de Geraldo, e ainda contando com um trecho de “A Feira de Caruaru” de
Onildo Almeida nessa gravação.
Nesse disco, quase todas as músicas é
de parceria com Carlos Fernando, das 8 faixas, 7 tem Carlos Fernando no
meio como: “Barcarola de São Francisco”, “Domingo de Pedra e Cal”, “Em
Copacabana”, “Juritis e Borboletas” dividindo parceria e “Cravo
Vermelho” e “Fulô do Dia” que Carlos Fernando assina sozinho.
Mas
a grande contribuição de Carlos Fernando foi ter idealizado e gravado a
série de discos “Asas da América” num total de 7 LPs de frevo com todas
as músicas de composição suas ou dividida com parceiros. Charlie (como
também era chamado pelos amigos, ou ainda simplesmente CF) ressignificou
o frevo aproximando-o da MPB, numa época em que o frevo basicamente não
passava da pracinha do Diário em Recife em época de Carnaval. Adicionou
guitarra elétrica e teclado ao frevo com arranjos contemporâneos como
falou o produtor Geraldinho Magalhães, e ainda contando com artistas
consagrados da MPB pra gravar cada um, uma música, dentre eles: Chico
Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jackson do Pandeiro, Lula
Queiroga, Nena Queiroga, Marco Polo, Flaviola, Geraldo Azevedo, Elba
Ramalho e vários outros.
Inclusive, foi no 1º LP do Asas da América que Gilberto Gil e Jackson do Pandeiro interpreta “Sou Eu Teu Amor” de composição de Carlos Fernando e Alceu Valença, em homenagem a Cacho de Coco e seu bloco “Sou Eu Teu Amor” que desfilava no carnaval de Caruaru da década de 60 (como é contada aqui).
A partir do Asas da América, Carlos Fernando ainda idealizou e gravou uma outra série de 5 discos chamado “Recife Frevoé” e produziu mais um chamado “100 de frevo - é de perder o sapato” que conta com artistas como Spok, Maria Rita e Vanessa da Mata.
Em 2009, Carlos Fernando foi homenageado do carnaval do Recife, e morre em 2013 devido a um câncer de próstata, e em 2014 foi um dos homenageados do São João de Caruaru.
Fonte: https://medium.com/a-ponte/o-bo%C3%AAmio-poeta-e-compositor-carlos-fernando-bec093c31d9
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