HISTÓRICO DE BELÉM DO SÃO FRANCISCO-PE
O nome de Belém provavelmente foi uma homenagem a
Nossa Senhora de Belém, padroeira da igrejinha da antiga aldeia da ilha do
Araxá, hoje denominada ilha da Missão, que se situa em frente ao local onde se
encontra a cidade. A igreja foi construída por frades capuchinhos franceses,
por volta de 1672, tendo esses religiosos encontrado no local uma aldeia de
índios araxás, que foram evangelizados por frei Anastácio d’Audierne, primeiro
sacerdote que pisou as margens do rio São Francisco, em data anterior a 1670.
Em 1792, durante uma grande cheia desse rio, a igreja de Nossa Senhora de Belém
foi destruída, restando apenas os seus alicerces como marco inicial da história
do município.
Na segunda metade do século XVII,
as terras do atual município de Belém do São Francisco pertenciam aos fidalgos da
Casa da Torre, de Garcia d’Ávila. A ocupação da área teve início em meados do
século XVIII, com o estabelecimento da Fazenda Canabrava, pertencente à Casa da
Torre. Os moradores mais antigos acham que o nome da fazenda deve-se a uma
planta silvestre chamada cana-brava, que dominava a paisagem na região
ribeirinha do São Francisco. Alguns anos mais tarde, as terras da Fazenda
Canabrava foram compradas aos senhores da Casa da Torre, pelo capitão-mor
Manoel Gonçalves Torres.
No dia 05 de novembro de 1793,
uma descendente da Casa da Torre, Ignácia Maria da Conceição, esposa do português
Manoel de Carvalho Alves, adquiriu a fazenda ao capitão-mor Manoel Gonçalves
Torres, pela quantia de 600 mil réis, passando a residir lá com toda a sua
família. Quando eles se estabeleceram na Fazenda Canabrava, embrião de Belém do
São Francisco, já não havia índios nessa região. A ilha do Araxá era então
habitada por negros,
tudo indicando que eram
remanescentes do Quilombo dos Palmares, de Zumbi, após sua destruição pelo
bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, em fevereiro de 1694. Da fazenda
surgiu o povoado que foi transferido para o lugar denominado Belém, na mesma
Fazenda Canabrava, de propriedade de Antônio de Sá Araújo, neto de Manoel de Carvalho
Alves. Esse lugar, mais elevado, era mais propício ao estabelecimento de uma
feira semanal e também mais seguro para o aportamento de embarcações. Assim,
segundo Marlindo P. Leite (in Belém: uma cidade no Vale do São Francisco),
Belém originou-se de “... um sítio de terras tendo como proprietário a Casa da
Torre, e, mais tarde, uma fazenda de gado cujos organizadores foram
Manoel de Carvalho Alves e
Ignácia Maria da Conceição.” No entanto, o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE (ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS,1958), considera
que a origem foi em data posterior: “Belém do São Francisco teve início com a
fazenda do senhor Antônio de Sá Araújo e sua respectiva senzala, situada à
margem esquerda do rio São Francisco, em terras do município de Cabrobó,
aproximadamente no ano de 1830.”
Por volta de 1839/1840, durante
uma das chamadas "santas missões" pregadas pelo padre Francisco
Tavares Correia Arcoverde, foi lançada a pedra fundamental para a construção de
uma capela consagrada a Nossa Senhora do Patrocínio. A construção da capela foi
iniciada por Clara Carvalho, filha do primeiro casal de brancos que ocupou Belém
(Manoel de Carvalho Alves e Ignácia Maria da Conceição) e terminada por seu
filho Antônio de Sá Araújo e outros parentes. Concluída em
1841, a igreja foi benta e erigida capela filial de Cabrobó, em 1842. Nas suas imediações,
começou a surgir um povoado. Em 1872 foram construídas as duas primeiras casas
de adobe, por João de Sá Araújo (filho de Antônio de Sá Araújo) e pelo padre Francisco Tavares
Correia Arcoverde, para sua residência. Já idoso, esse sacerdote ainda atuou
como capelão durante cerca de 2 ou 3 anos, retirando-se em seguida. Além de
Manoel de Carvalho Alves e Antônio de Sá Araújo, outras figuras que
contribuíram para o progresso de Belém, nos seus primórdios, foram os irmãos
João Avelino de Carvalho (Dandão) e o tenente-coronel Jerônimo Pires de
Carvalho. João Avelino de Carvalho foi o criador da feira de Belém, em 1880,
tornando-se conhecido por desprender-se de uma parte de sua fortuna, em
benefício do desenvolvimento da cidade. Pela Lei Provincial nº 1.835, de 12 de
março de 1885, a povoação passou à categoria de distrito e foi criada também a freguesia
de Nossa Senhora de Belém, na comarca de Cabrobó. Essa freguesia só foi provida
canonicamente em 1910, com a nomeação de seu primeiro vigário colado, o padre
belga Norberto Phalampin.
Esse sacerdote se radicou em Belém, onde permaneceu
até sua morte, em 1932. Foi ele que construiu a primeira casa paroquial e
lançou a pedra fundamental da igreja do Menino Deus (Menino Jesus de Praga),
chegando a construir a capela, onde já
celebrava as missas diárias.
A criação do distrito, com a
denominação de Belém, foi confirmada pela Lei Municipal nº 2, de 1º de dezembro
de 1892, como 2º distrito do município de Cabrobó. Essa informação consta da relação
dos distritos de Cabrobó, anexa ao ofício datado de 10 de junho de 1893,
enviada pelo prefeito desse município ao Secretário do Governo do Estado. O
distrito de Belém adquiriu alguma importância e foi elevado à categoria de
vila, com os mesmos limites e ainda pertencendo a Cabrobó, pela Lei Estadual nº
558, de 13 de junho de 1902. A Lei Estadual nº 597, de 07 de maio de 1903,
transferiu a sede do município de Cabrobó para a vila de Belém, a qual foi
elevada à categoria de cidade pela mesma lei, embora o município permanecesse
com a denominação de Cabrobó. Um ofício do Conselho Municipal de Cabrobó para o
governador do Estado, datado de 23 de maio de 1903, comunica a instalação do
município e a inauguração da cidade” nessa data. Na "Divisão Administrativa"
de 1911 o município compõe-se de dois distritos: Belém (sede) e Cabrobó. A Lei
Estadual no 1.641, de 10 de maio de 1924, mudou
a denominação da cidade para Belém do Cabrobó, ainda como sede do município.
Na grande
cheia de 1919, as águas do rio São Francisco arrasaram a quase totalidade da
cidade com uma grande inundação, destruindo 56 casas e obrigando seus moradores
a construir nas partes mais elevadas. A Lei Estadual nº 1.931, de 11 de
setembro de 1928, em seu Art. 8º, criou o município, desmembrado de Cabrobó, permanecendo,
no entanto, como sede da comarca de Cabrobó. Essa mesma lei alterou novamente o
topônimo, simplificado para Belém. O município foi instalado no dia 1º de
janeiro de 1929, formado apenas pelo distrito sede, situação que permanece na
divisão administrativa referente ao ano de 1933. O Decreto-lei Estadual nº 235,
de 09 de dezembro de 1938, incorporou a Belém o distrito de Itacuruba,
desmembrado do município de Floresta. No quadro fixado para vigorar no período
1939-1943 o município aparece com dois distritos: Belém e Itacuruba. O
Decreto-lei Estadual nº 952, de 31 de dezembro de 1943, que fixou a divisão
territorial administrativo-judiciária para
o período
1944-1948, alterou a denominação do município (comarca, cidade, distrito) para
Jatinã. Essa mudança ocorreu por força de um decreto-lei federal (na época do
governo de Getúlio Vargas) proibindo haver, no Brasil, duas cidades com o mesmo
nome. Como já existia a cidade de Belém do Pará, havia necessidade de mudar o
topônimo. Foi então enviada uma lista tríplice ao historiador Mário Melo, na
época diretor do Instituto Histórico e Geográfico de Pernambuco.
Por ter preferência por nomes indígenas, ele escolheu Jatinã. Em divisão datada
de 1º de julho de 1950 o município compõe-se de dois distritos: Jatinã
(ex-Belém) e Itacuruba. Pela Lei Estadual nº 1.771, de 07 de dezembro de 1953,
o município de Jatinã passou a denominar-se Belém de São Francisco. Em divisão
territorial datada de 1º de julho de 1955 o município é constituído de dois
distritos: Belém de São Francisco (ex-Jatinã) e Itacuruba, assim permanecendo
em divisão de 1º de julho de 1960. A Lei Municipal nº 129, de 26 de setembro de
1962, criou dois distritos: Ibó e Riacho Pequeno, cujos territórios foram
formados por desmembramento do distrito sede. No dia 14 de abril de 1963 foi
finalmente inaugurada a igreja do Menino Deus, cuja construção fora iniciada
pelo padre Norberto Phalampin. Na inauguração foi celebrada uma missa solene,
pelo padre Augusto Ferraz. Essa igreja está situada em frente ao local da
antiga igreja de Nossa Senhora de Belém, na ilha da Missão. A Lei Estadual nº
4.939, de 20 de dezembro de 1963, criou o município de Itacuruba, com
território desmembrado de Belém de São Francisco. Em divisão territorial datada
de 31 de dezembro de 1963 o município aparece com os distritos de Belém de São
Francisco, Ibó e Riacho Pequeno, assim permanecendo em divisão territorial de
2005 e de 2010. Através da Lei Municipal nº 001, de 04 de abril de 2007, foi
alterado o nome do município de Belém de São Francisco para Belém do São
Francisco.
Fonte: http://www2.condepefidem.pe.gov.br/c/document_library/get_file?p_l_id=18393234&folderId=18394117&name=DLFE-89517.pdf
Araxá
(lano pires)
Axará, a ilha do Araxá
Foi, foi, foi lá onde tudo começou
No tempo dos currais
No tempo de freguesia
O gado era a moeda
De toda a burguesia
Axará, a ilha do Araxá
Foi, foi, foi lá onde tudo começou
Mãe d’água queria a santa
E um anjo disse amém
Salvem Nossa Senhora
Rainha de Belém
Axará, a ilha do Araxá
Foi, foi, foi lá onde tudo começou
Do Senhor Garcia Garcia d'Ávila
Uma terra foi comprada
Surgindo uma fazenda
De nome Canabrava
Axará, a ilha do Araxá
Foi, foi, foi lá onde tudo começou
E Axará não muito além
Lá da ilha das Missões
Princesinha do Sertão
Cidade de Belém
Axará, a ilha do Araxá
Foi, foi, foi lá onde tudo começou...