domingo, 6 de julho de 2014

Xangai





Eugênio Avelino nasceu em Vitória da Conquista, Bahia, em 1948. Ainda criança, mudou-se com a família para a Zona da Mata de Minas Gerais. Lá, seu pai montou uma sorveteria, na cidade de Nanuque, cujo nome era Xangai. Daí o artista tirou, mais tarde, seu nome artístico. Sua família era ligada à música. O avô era sanfoneiro, e Xangai iniciou os estudos musicais na sanfona, passando, posteriormente, ao violão. No início da década de 1970, viveu na fazenda de seu primo, o compositor Elomar. Com ele, conheceu a cultura e a música caipira, e aprendeu a cantar aboiando o gado. Essa convivência foi fundamental para sua formação musical. Em 1973, mudou-se para o Rio de Janeiro. Chegou a começar uma faculdade de economia, que largou para dedicar-se à música. Em 1976, gravou seu primeiro disco. Xangai chama a atenção não só pelo talento, mas também porque faz críticas abertas à cultura de massa, e ao monopólio musical instituído pelas grandes gravadoras. Ele faz questão que sua música seja uma resistência a isso. E notemos que seus primeiros discos, gravados em meados da década de 70 e no começo da década de 80, coincidiram com o apogeu das grandes gravadoras. Ele fala da mídia de massa, que impõe a todo o mundo a música de alguns poucos artistas, como um rolo compressor que massacra as culturas populares locais, que, por mais que tenham qualidade e consigam resistir, ficam em estado de extrema vulnerabilidade. Mas ele alerta que existem pessoas que não se deixam enganar pelo canto das “pseudo-sereiras”, a quem ele denomina “guerrilheiros culturais”, e entre os quais ele mesmo se inclui. Apesar disso, Xangai alcançou grande sucesso, e hoje é um artista muito conhecido. Mas sua postura, fiel à música de qualidade, não permitiu que ele ficasse rico. Segundo ele, dá para pagar as contas, mas nunca tem dinheiro sobrando. Qué qui tu tem canário é o terceiro disco da carreira de Xangai, gravado em 1981. Apesar de Xangai não rotular sua música, sua obra evidencia claramente sua afinidade com os sons e os temas do sertão. Nesse disco, ele mostra o grande compositor que já era em início de carreira, e seu enorme talento como intérprete. Destaco as faixas Estampas Eucalol, de Hélio Contreiras, e Matança, de Jatobá.https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhz_ihyphenhyphenJ7jY1PkW6yuEf6BvGY4k9ertP7980_5lfWTDh5hXvFpGoyrxeW8Wlxh8wwp3V5oA-ZCJ7y0t-LWKTb0x2vO1JOwQfQi8uypc0slSz9FoL8ppl62b6Jqk2ROD9Tmgs65nXCNz9Yk/s1600/xangai+e+quinteto+da+paraiba+foto.jpg


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