sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A Privataria Tucana - Cadê os Dólares das Privatizações???

A Privataria Tucana do jornalista Amaury Ribeiro Jr.

PRIVATARIA TUCANA: LIVRO-DENÚNCIA TRAZ BASTIDORES ESPANTOSOS DE UMA ERA DE ESCÂNDALOS E CORRUPÇÃO

Com 200 páginas e 16 capítulos que jamais deixam cair seu contundente interesse, PRIVATARIA TUCANA é o resultado final de anos de investigações do repórter Amaury Ribeiro Jr. na senda da chamada Era das Privatizações, promovida pelo governo Fernando Henrique Cardoso, por intermédio de seu ministro do Planejamento, ex-governador de São Paulo, José Serra. A expressão “privataria”, cunhada pelo jornalista Elio Gaspari e utilizada por Ribeiro Jr., faz um resumo feliz e engenhoso do que foi a verdadeira pirataria praticada com o dinheiro público em benefício de fortunas privadas, por meio das chamadas “offshores”, empresas de fachada do Caribe, região tradicional e historicamente dominada pela pirataria.
Essa “privataria” toda foi descoberta num vasto novelo cujo fio inicial foi puxado pelo repórter quando ele esteve a serviço de uma reportagem investigativa, encomendada pelo jornal “Estado de Minas”, sobre uma rede de espionagem estimulada pelo ex-governador paulista José Serra para levantar um dossiê contra o ex-governador mineiro Aécio Neves, que estaria tendo romances discretos no Rio de Janeiro. O dossiê teria a finalidade de desacreditar o ex-governador mineiro na disputa interna do PSDB pela indicação ao candidato à Presidência da República, e levou Ribeiro Jr. a uma série de investigações muito mais amplas, envolvendo Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-tesoureiro das campanhas de José Serra e Fernando Henrique Cardoso, o próprio Serra e três de seus parentes: Verônica Serra, sua filha, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marín Preciado. Serra e seu clã são o assunto central do livro, mas as ramificações e consequências sociais e políticas das práticas que eles adotam são vastas e fazem com que o leitor comum fique, no mínimo, estupefato.
Sem dúvida, o brasileiro padrão, mediano, que paga seus impostos, trabalha dignamente e luta pela vida com dificuldades imensas estará longe de compreender o complexo mundo de aparências e essências, fachadas e bastidores da corrupção política e empresarial, e toda a sofisticação desses crimes públicos que passam por “lavanderias” no Caribe, e, neste caso, o estilo objetivo e jornalístico de Amaury Ribeiro Jr. é de grande ajuda para que as ações pareçam inteligíveis para qualquer pessoa mais instruída.
Um dos principais méritos do livro é descrever toda a trajetória que o dinheiro ilícito faz, das “offshores” a empresas de fachadas no Brasil, e da subsequente “internação” desse dinheiro nas fortunas pessoais dos envolvidos. Neste ponto, o livro de Ribeiro Jr., embora não tenha nada de fictício, segue a trilha de livros policiais e thrillers sobre corrupção e bastidores da política, já que o leitor pode acompanhar o emaranhado e sentir-se recompensado pelo entendimento. O livro, aliás, tem um início que de cara convida o leitor a uma grande jornada de leitura informativa e empolgante, revelando como Ribeiro Jr., ao fazer uma reportagem sobre o narcotráfico na periferia de Brasília, a serviço do “Correio Braziliense”, sofreu um atentado que quase o matou e, descansando desse atentado, voltou tempos depois a um jornal do mesmo grupo, “O Estado de Minas”, para ser incumbido de investigar a rede de espionagem estimulada por Serra, mencionada no início. É o ponto de partida para tudo.
O que este PRIVATARIA TUCANA nos traz é uma visão contundente e realista como poucas dos bastidores do Brasil político/empresarial. O desencanto popular com a classe política, nas últimas décadas, acentua-se dia após dia, e um livro como este só faz reforçá-lo. Para isso, oferece todo um manancial de informações e revelações para que o leitor perceba onde foi iludido e onde pode ainda crer na humanidade, pois, se a classe política sai muito mal, respingando lama, dessas páginas, ao menos o jornalismo investigativo, honesto e necessário, prova que os crimes de homens públicos e notórios não ficam para sempre convenientemente obscurecidos. Há quem os desvende. E quem tenha coragem de revelá-los.

Fonte: http://bloggeracaoeditorial.com/2011/12/12/a-privataria-tucana-do-jornalista-amaury-ribeiro-jr/





Vídeo:



Baixe o livro "A Privataria Tucana" no formato pdf no link abaixo:
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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A farsa do governo Eduardo Campos

Por Edilson Silva

A imprensa desta semana estampou a face de um governador aberto em sorriso com a aprovação altíssima de seu governo. Mais de 80%. Os números têm a magia de arrogarem-se incontestes, irrefutáveis. São a base das ciências que não exigem maiores níveis de abstração na busca de verdades e certezas. São para se panfletar à vontade. Positivismo de pior tipo.

E é nisso que o governo e seus porta-vozes se esbaldam. Esses números servem para submeter ainda mais os puxa-sacos - imprensa incluída -; servem para tentar intimidar a oposição e amealhar novos subalternos; e servem, no caso específico em tela, para ir cacifando o governador em sua indisfarçável tentativa de alçar vôos nacionais.

Mas este filme dos altos índices de aprovação já foi visto no Brasil e no mundo, em muitas outras ocasiões. Com crescimento econômico e geração de empregos, muitos absurdos já foram cometidos no nosso país, e seus patrocinadores depois caíram no ostracismo, deixando o buraco para as gerações futuras. O roteiro do governo Eduardo Campos não é original.

O avô do governador mesmo, o velho Arraes – um grande brasileiro -, foi cassado por um regime que gozava de inegável apoio popular e fazia propagandas triunfalistas: “Eu te amo, meu Brasil, eu te amo... meu coração é verde, amarelo, branco, azul anil...” (http://www.youtube.com/watch?v=J-c-__IhzqI&feature=related). Ou então: “Este é um país que vai pra frente...” (http://www.youtube.com/watch?v=VITtfvWM-mg), quase sempre na voz alugada d’Os Incríveis. Economia crescendo, empregos, povo alegre, mas o país submetendo-se aos interesses antinacionais e os descontentes sendo assassinados em porões da ditadura que, anos depois, foi enxotada pela mobilização popular, combinando luta por democracia e contra a crise econômica.

Em tempos menos remotos, vimos a supremacia de FHC em nível nacional, a força de Jarbas Vasconcelos em Pernambuco. Hoje estas lideranças de outrora já não são assim, digamos, tão triunfantes. Ou seja, os números em política podem ser fotografias maquiadas, e bem maquiadas. Podem revelar tão somente a sensação superficial, a epiderme do sentimento popular, que, como na ditadura, podem ser manipulados. E quando sabemos que as pesquisas são produtos encomendados, que dificilmente serão elaborados a contragosto do cliente, as razões para ligar o desconfiometro devem ser redobradas.

O governo Eduardo Campos é o campeão da maquiagem. Suas peças publicitárias são uma farsa. Os números apresentados da escola pública descaradamente não se referem a todas as escolas, mas tão somente às de referência. O texto na TV é rápido, ligeiro o suficiente para confundir e esconder que em Pernambuco a escola pública fundamental deixou de ser universal, para ser focada em grupos minoritários.

As peças publicitárias da saúde vão no mesmo caminho. Número de aumento de “profissionais de saúde” são mostrados, mas quantos por concurso público? Quantos são, na verdade, contratados em manobras não republicanas, por convites, recolocando nosso Estado no período prévio à Constituição de 1988, quando a sociedade conquistou a positivação constitucional de que só trabalha no serviço público servidor contratado mediante concurso? Reparem nas peças da segurança pública. As manobras se repetem.

Os números apresentados, tanto pelas peças publicitárias quanto pelas “pesquisas”, estão a serviço da maquiagem de um fenômeno relativamente novo na política brasileira: as oligarquias com discurso de esquerda. É o patrimonialismo “moderno”, é a nova direita pós-neoliberal, o anti-republicanismo que faz questão de confundir democracia com ineficiência, por um lado, e ordem e eficiência com ausência de república, de outro.

Assim, bandeiras como participação popular e controle social são associadas ao atraso. O slogan “deixa o homem trabalhar” (sem atrapalhar, logo, sem participar, criticar, fiscalizar) é parte desta estratégia que se vê em várias gestões Brasil a fora.

É curioso que no mesmo momento que o governo “ostente” níveis tão altos de aprovação, um dos cientistas sociais mais respeitados em nosso estado, dos mais insuspeitos, escreva um artigo tão na contra-mão da euforia. Refiro-me a Michel Zaidan Filho, que escreveu um texto, Natureza e Entropia (http://edilsonpsol.blogspot.com/2011/08/natureza-e-entropia.html), em que discorre com maestria sobre as opções antiecológicas do governo Eduardo Campos.

O texto mostra que hoje quem está nos porões da ditadura do crescimento irracional é a natureza, pendurada num “pau-de-arara”, e as ações políticas de antes, são hoje as enchentes, deslizamentos, o aquecimento global. Façamos como a natureza: não nos submetamos aos números.




Presidente do PSOL-PE

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

31 de outubro Dia D - D de Drummond.

Espalhe-se a ideia, tão simples quanto ambiciosa: transformar o dia 31 de outubro, data de nascimento de Carlos Drummond de Andrade, num dia de grande comemoração.
Nas escolas, universidades, livrarias, bares, museus, TVs, rádios, centros culturais e mesmo em solidão, não importa onde e como, que todos se lembrem de festejar Drummond e a sua poesia.
Um outro dia D, para apagar a guerra e saudar a liberdade, a imaginação, a aliança entre os homens de boa palavra.
Dia de festa, para a qual outros poetas devem ser convidados, claro. D é dia de todos, dia dado de bom grado por aquele que nos deu A rosa do povo, Claro enigma, A vida passada a limpo e tantas outras maravilhas.
Dia D. Dia de Drummond

Fonte: http://diadrummond.ims.uol.com.br/


POEMA DE SETE FACES

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.


As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.


O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.


O homem atrás do bigode
é serio, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.


Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.


Carlos Drummond de Andrade


domingo, 30 de outubro de 2011

Drummond por Belchior


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O AUTOR de “A Rosa do Povo”: encontro com Belchior no Rio de Janeiro do final dos anos 70
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ALGUNS DOS 31 retratos de Drummond pela pena do Belchior artista plástico: faltou coragem para entregar o presente ao poeta
FOTOS: REPRODUÇÃO
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Completam-se hoje 109 anos desde o nascimento de Carlos Drummond de Andrade, por muitos considerado o mais importante poeta do modernismo brasileiro. Em 2004 foi lançado um cd  de Antônio Carlos Belchior com vários poemas musicados e gravados no cd - As Várias Caras de Drummond pelo  “Sentimental - A Arte Poética e a Música Barata de Antônio Carlos Belchior Drummond de Andrade”

No final da década de 70, o cantor conheceu o poeta Carlos Drummond de Andrade no Rio de Janeiro, entre uma caminhada e outra no calçadão de Copacabana. Meio sem jeito, Belchior, que também se chama Carlos, não se sentiu à vontade para estar com o poeta. “Não costumo me aproximar dos meus ídolos. Tenho uma relação platônica com eles”, contou, em entrevista ao Caderno 3.

Para não pôr fim ao encanto? Talvez, Belchior diria. Ainda na excitação de ter visto o poeta, o cantor, que também é artista plástico, concebeu nada menos que 31desenhos e pinturas de Drummond e lhe presenteou com o disco “A Palo Seco”, por intermédio de um amigo comum. Pelo disco, Belchior receberia dias depois um bilhete elogioso do poeta. Pelos desenhos... Bem, os desenhos foram engavetados. Faltou coragem para entregá-los ao poeta.

O projeto teve início no anode 2002, quando Belchior esteve na terra natal de Drummond, Itabira, em Minas Gerais. Silva Belchior (isso mesmo, Belchior), da coordenação da Fundação Carlos Drummond, convidou o cantor para participar da programação do centenário do poeta. Na ocasião, o músico sobralense não só recitou os poemas do itabirano, como pensou na idéia de vê-los musicados, ladeando os desenhos engavetados. O trabalho rendeu viagens ao exterior, incluindo Alemanha, onde Belchior foi convidado a apresentar a exposição na Universidade Livre. “Eu tive oportunidade de apresentar o Brasil não oficial para os europeus”, diz. A Itália foi outro outro rumo certo onde o cantor apresentou os poemas de Drummond.
O álbum “Sentimental ...” é composto de 36 músicas e 31desenhos. Belchior diz que procurou poemas menores e menos óbvios, como os versos eróticos do livro “Corpo”. “Outro critério de escolha foi incluir poemas que falam da província e da cidade grande. Um tema recorrente na minha música”, complementa. Apostando que o casamento da poesia e da música, mais uma vez, daria certo. Feito “cantiga de amor sem eira nem beira”...
Edma Cristina de Góis
Da Editoria do Caderno 3






Poemas de Carlos Drummond de Andrade musicados por Belchior:

CD 1:

1-Sentimental
2-Lagoa
3-Concerto
4-Cota zero
5-Liquidação
6-Perguntas em forma de cavalo-marinho
7-Quando desejos outros é que falam
8-Toada de amor
9-Lanterna Mágica
10-Orion
11-Poema que aconteceu
12-Também já fui brasileiro
13-O passarinho dela
14-Ar
15-Política literária
16-Poesia

CD 2:

1-A música barata
2-Arte poética
3-Os inocentes do Leblon
4-Quero me casar
5-Cidadezinha qualquer
6-Cantiguinha
7-Boca
8-Ainda que mal
9-Procuro uma alegria
10-Serenata
11-Nova canção do exílio
12-Sweet home
13-Rosa rosae
14-Mosaico de Manoel Bandeira
15-No banco de jardim

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Malungos da Cultura Regional

Em tempos de globalização, uma cultura de massa se propaga como um câncer, difundida por um leque de canais de multimídia cada vez mais mais interativos, manipulada por corporações de uma indústria de entretenimento que movimenta cifras em bilhões de dólares a partir dos pseudo-artistas lançados, juntamente com linhas de produtos e outros artifícos e promovendo o retrocesso cultural. Nesse cenário de music and business ainda há um pequeno e antagônico movimento que resiste bravamente, como rochas que suportam as ações do intemperismo, insistindo na contramão do modismo, remando contra a maré de forma independente, mas não se rendendo aos apelos comerciais e armadilhas do sucesso repentino e do esquecimento eterno.
Lançaremos neste blog alguns informações e curiosidades desses malungos que cantam e contam a verdadeira cultura desses brasis do Brasil.

http://s2.vagalume.com/elomar-figueira-de-melo/discografia/cartas-catingueiras-W200.jpghttps://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhb3OrumGQWZtUeDdKQWMNF6dHTWFwlsFUhHlS0SyfNoYInmLhm0hyX7RQ9J7F6NH6NnAbAoi8mVRBMfue4OJIFVQ0-H0PgeDz9m0hKjS-7dbwHnaI3uSEaFh5kPuywM1JrgkBdKKpQaT0/s1600/capa.jpg


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quinta-feira, 23 de junho de 2011

BOB DYLAN - 70 ANOS

Bob Dylan completa 70 anos

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O senhor Robert Allen Zimmerman – autobatizado Bob Dylan – traça com a voz única e letras belas a história da música popular desde o início da década de 1960. Bob Dylan, como é conhecido, foi resenhado, biografado e filmado à profusão nos últimos 50 anos. Gravou 34 álbuns de estúdio, 13 discos ao vivo e 14 compilações, o que faz sua influência notável em cantores de todo o mundo e também no Brasil. A presença pode ser percebida no estilo de se apresentar no palco, na atitude ao se posicionar diante de determinados assuntos, nas temáticas das letras e até na quantidade de versões em português que as canções dele ganharam por aqui.

“Ouvia um cara com a voz na salada cantando. Passei a seguir o cara, conhecer as letras e aquilo me marcou tanto que fui cantar na noite outros tipos de música para não ser considerado um cover de Bob Dylan”, lembra Zé Geraldo, sobre as músicas que ouvia em rádios AM, quando deixou o interior de Minas Gerais e partiu para São Paulo para se tornar cantor, no fim da década de 1960. Outro discípulo de Dylan, Odair José, conta que nas conversas com os músicos no estúdio, enquanto grava o disco Praça Tiradentes, deu a senha para encontrar o tom ideal da canção que leva o título do álbum. “Quero uma coisa meio Bob Dylan”, disse. Entraram harmônicas e alguns violinos. “Todo mundo sabe o que é Bob Dylan”, resume Odair.

O cantor, aliás, sabe tão bem que já foi chamado de “Bob Dylan da Central do Brasil”. Isso foi em 1979, depois de gravar O filho de José e Maria, polêmico e clássico disco, considerado uma ópera-rock, pois as músicas contam em sequência a história de um rapaz – filho de José e Maria – com arranjos distantes do brega e bem próximos ao rock’n roll. “Isso (o apelido) surgiu de uma entrevista que dei para a jornalista Hidelgard Angel. No título, estava escrito que eu era o Bob Dylan da Central do Brasil”, recorda Odair. À época ele achou a alcunha exagerada e foi procurar saber com o assessor de imprensa o que significava aquilo e até mesmo se podia ser uma invenção dele. A saber: o assessor era Paulo Coelho, hoje escritor, que disse a Odair não ter influenciado a ideia. Mais de 30 anos depois o cantor considera o apelido exagerado, mas reconhece a influência de Dylan em seu trabalho. “Muitas coisas vêm e passam, mas algumas não acabam, como mulher, filhos e Bob Dylan”, filosofa Odair.

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Historiador, jornalista e conhecedor da música popular brasileira, Paulo César Araújo explica que o estilo de “cronista do cotidiano”, tão bem executado por Dylan, se encaixou perfeitamente na música brasileira. “Quando Dylan surgiu não foi um estouro aqui no Brasil. Sempre circulou em um grupo mais restrito. Mas as temáticas de suas canções podem ser identificadas em diversos cantores”, pontua. Na análise de Araújo, Bob Dylan e Beatles se tornaram matrizes da música, em que os cantores buscam inspiração. “Mesmo que o estilo não pareça muito é possível identificar semelhanças em diversos músicos, de Caetano Veloso até Chico Buarque”, destaca. O autor dos livros Eu não sou cachorro não: música popular, cafona e ditadura militar (Editora Record) e da biografia censurada Roberto Carlos em detalhes (Planeta) complementa: “Toda canção hermética, politizada e crítica se tornou um pouco Bob Dylan”.

Lígia Vieira Cesar escreveu o livro Poesia e política nas canções de Bob Dylan e Chico Buarque (Editora Novatec). A obra é fruto do estudo que desenvolveu no mestrado, quando fez uma análise comparativa entre as canções dos dois e encontrou vários pontos em comum. “No fim da década de 1960 e início da década de 1970, Chico tinha uma ideologia voltada contra o movimento da ditadura que vigorava no país. À mesma época, as letras de Dylan faziam críticas duras à guerra do Vietnã”, compara. Mesmo que ambos, em diversas ocasiões, recusem o rótulo de cantores de protesto, os dois foram identificados dessa maneira pelo público. “Eles lutaram por uma ideologia. Contra a política de repressão da época”, entende Lígia.

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Não é só nas temáticas que Dylan é identificado na música brasileira. Paulo César Araújo cita Belchior, em que destaca o estilo da voz. Aliás, Belchior também cita Dylan na canção Lira dos 20 anos (Os filhos de Bob Dylan/ Clientes da Coca-Cola...). Outro que segue a linha é Gonzaguinha. “A música Comportamento geral é totalmente Dylan”, destaca Araújo. Na canção, Gonzaguinha fala sobre a resignação de um cidadão diante da impossibilidade de reclamar por uma vida melhor. Além desses, há aqueles que gravaram versões de Dylan, em uma deferência explícita ao cantor. Araújo entende que atualmente a influência está mais diluída nas novas gerações. “É como o João Gilberto. Quase todos que fazem MPB e tocam violão beberam daquela fonte. Mas quem começa agora, geralmente, já pega essa influência por intermédio de outros músicos”, compara Araújo.

Uma das versões mais famosas é Negro amor, de Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti para It’s all over now, baby blue do disco Bringing it all back home (1965). A música foi gravada inicialmente por Gal Gosta, em 1977, e depois regravada por diversos cantores e bandas brasileiras. Fagner também cantou uma versão de Romance in Durango do disco Desire (1976). A letra adaptada por Fausto Nilo chama Romance no deserto e também foi o nome do disco do cearense lançado em 1987. Outra versão famosa é de Zé Ramalho para Knockin’ on heavens door do álbum Pat Garret & Billy the Kid (1973) chamada de Batendo na porta do céu. A música é a 12ª faixa do disco lançado por Zé Ramalho em 2008, em que ele canta somente versões de Dylan.

“Quando gravava Catadô de broméilias (2008) sonhei que estava em uma espelunca de beira de estrada cantando uma versão de Mr. tambourine man. Acordei e escrevi a letra”, lembra Zé Geraldo. O cantor, nascido em Rodeiro, na Zona da Mata, e criado em Governador Valadares, usou os primeiros versos que já haviam sido adaptados para o português por Gileno, na década de 1970. A música originalmente gravada por Dylan em 1965, no disco Bringing it all back home, foi regravada por dezenas de cantores e também transcrita para diversos idiomas e é considerada pela revista Rolling Stone como a mais influente canção da história.

O espelho de Zé Geraldo é profundo. Gravou no disco Estradas (1980) a música Como diria Dylan. “Quando acabei de escrever a letra, mostrei-a para um amigo em um bar e ele me disse que o Bob Dylan escreveria essa música”, explica o título. O refrão é assim: “Meu amigo meu compadre meu irmão/ Escreva sua história pelas suas próprias mãos”. Além disso, ele também já gravou a versão de Tomorrow is a long time (1962) feita pelo amigo Geraldo Azevedo, traduzida como O amanhã é distante.

Bob Dylan foi tema de livros e filmes

Quem vai a um show de Bob Dylan hoje não assiste ao Dylan dos discos. “Fui três vezes e só conseguia saber a música que ele estava cantando quando passava da metade”, conta Zé Geraldo. Dylan se posiciona de lado para a plateia, conversa pouquíssimo – ou quase nada – com o público. A atitude rock’n roll de quando empunhou a guitarra elétrica enquanto todos esperavam dele o papel de um pastor folk defendendo as raízes da música norte-americana não precisa mais ser mostrada. Por vezes, canta com um chapéu imenso, uma calça larguíssima e emenda uma canção na outra como se as músicas fossem algo único, um bloco compacto e denso. De fato elas formam isso mesmo.

Assistir ao Dylan dos discos seria como assistir a diversos shows. A partir de hoje, Dylan é um septuagenário com quase cinco décadas de carreira musical. No texto do primeiro álbum, chamado apenas Bob Dylan, lançado em março de 1962, dizia: “Com apenas 20 anos, Dylan é o mais incomum novo talento da música folk americana”. Seguiu por essa vertente até que, em 1965, para desagrado dos fãs, eletrificou o som.

Depois, caiu de uma motocicleta, saiu de cena, gravou pérolas no porão de casa junto com uma banda, flertou com a música gospel quando se converteu ao cristianismo, em 1978. Abandonou a fé cristã, voltando às raízes de judeu nascido em Duluth, no estado de Minnesota, passou por um limbo musical na década de 1980, ressurgiu aos poucos na década seguinte até alcançar novamente uma produção profícua nos últimos anos, com quatro discos gravados, o lançamento dos bootlegs, um livro de crônicas (na verdade, uma autobiografia em três volumes, o primeiro deles lançado no Brasil pela Editora Planeta), além de filme de ficção e documentário sobre sua obra dirigido por Martin Scorsese.

O aniversário de Dylan gerou um evento, o BobDay, que a cada ano realiza shows em várias partes do mundo, com artistas assumidamente influenciados por ele. Pela primeira vez, Belo Horizonte entra nesse circuito

1941 – Nasce em Duluth, Minnesota.

1962 – Grava o primeiro disco Bob Dylan, fortemente influenciado por cantores folks, como Woody Guthrie

1963 – O segundo disco é um sucesso, com Blowin in the wind.

1965 – Surpreende os fãs com a pegada rock’n roll.

1966 – Sofre um grave acidente de motocicleta.

1967 até 1974 – Passa por um período de baixa produtiva, com discos sem muita inspiração.

1974 – Ressurge com o disco Before the flood.

1975 – Lança Blond of the tracks, com clássicos como Tangled up in blue, Simple twist of fate, Shelther on the storm e Idiot wind. A crise conjugal com a esposa, Sara, marca os temas das letras.

1976 – Lança Desire, um de seus melhores discos, com Hurricane, Isis, Mozambique, Joey, Romance in Durango e a belíssima One more cup of coffee. Além de Sara, para a ex esposa.

1978 até 1983 – Grava três discos com temática cristã.

1988 – Grava o primeiro disco com a The Traveling Willburys, projeto coletivo com George Harrison, Tom Pety, Jeff Lybe e Roy Orbison.

1991 – Edita a primeira, de nove já lançadas, da The bootlegs series, com músicas e versões que não estavam na discografia.

1995 – Lança um acústico MTV.

1997 – Renasce novamente para a crítica com o álbum de inéditas Time out of mind.

2001 até 2009 – Grava quatro discos: Love and theft, Modern times, Together trough life e Christmas in the heart.

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Para saber mais


•No direction home (2005). Documentário dirigido por Martin Scorsese, que retrata bem o impacto de Dylan na cultura pop. Traz trechos de entrevistas históricas de Dylan, mostra as diversas reviravoltas de sua carreira e depoimentos de artistas, entre eles Joan Baez. Disponível em DVD

• Não estou lá (2007). Filme de Todd Haynes. Seis atores diferentes interpretam os momentos da vida de Dylan. Entre eles estão Christian Bale, Cate Blanchett e Heath Ledger.

• Bob Dylan – Gravações comentadas e discografia completa, de Brian Hinton, cobrindo toda a trajetória do cantor, dos álbuns de carreira aos singles

e antologias. Editora Larousse

• Crônicas, de Bob Dylan. Primeiro volume da trilogia autobiográfica, enfoca momentos da vida e da obra do artista a partir de sua viagem para o boêmio Bairro Greenwich Village, em Manhattan, por volta de 1961. Reconhece sua inspiração em Woody Guthrie e cita as influências de Von Ronk, Ed McCurdy e Josh White, entre outros. Editora Planeta

• Like a Rolling Stone – Bob Dylan na encruzilhada, de Greil Marcus, volta a 15 de junho de 1965, quando Bob Dylan entrou no Studio A, da gravadora Columbia Records, para registrar a canção que se tornou marco da contracultura. Editora Companhia das Letras.

•No direction home (2011). Recém-lançada biografia, em edição revisada com quase 800 páginas, escrita por Robert Shelton, jornalista que “descobriu” Dylan e vivenciou vários momentos da vida do cantor de perto.

Editora Larousse.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O BICO DE PENA MÁGICO DE PERCY LAU


Biografia de Percy Lau

Percy Alfred Lau (Arequipa, 1903 — Rio de Janeiro, 1972) foi um ilustrador e desenhista peruano radicado no Brasil, onde passou a passou a maior parte de sua vida. Retratou como ninguém todos os tipos e aspectos do Brasil. Seus desenhos a bico de pena possuem uma técnica e precisão até hoje inigualadas, tamanho o detalhamento de sombras, quantidade de elementos no quadro e composição da cena.
Percy Lau era desenhista, dedicando-se, quase que exclusivamente, a fazer ilustrações com bico de pena. Contratado pelo IBGE para ilustrar seus livros, viajou o Brasil de Norte a Sul, estudando paisagens e tipos humanos. Com grande competência e sensibilidade, registrou os costumes da vida do interior, fixando, em imagens impressionantes, os hábitos regionais, o folclore, o comportamento do povo brasileiro e o cotidiano de inúmeras cidades e vilarejos.
Seu trabalho, reconhecido como arte de primeira linha, foi alvo de diversas exposições, entre elas a mostra realizada em 1986 pelo Museu Nacional de Belas-Artes, que possui em seu acervo gravuras, desenhos, capas de livros e grande parte da documentação iconográfica produzida em mais de 30 anos de atividade no Brasil.
Fez também as ilustrações do livro Vila dos Confins, de Mário Palmério, cuja ação se passa no oeste mineiro nos anos 50. Muitas de suas ilustrações foram também utilizadas em livros didáticos de Geografia, como os do professor Aroldo de Azevedo. Ilustrou uma coleção de 10
volumes intitulada Viagem Através do Brasil.


ILUSTRAÇÕES DE PERCY LAU
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Fonte: IBGE

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quarta-feira, 13 de abril de 2011

EXPOSIÇÃO - CARLOS PINTO RETRANTANDO BELÉM

Nos dias 05, 06 e 07 de maio de 2011 o artista plástico Carlos Pinto reazlizará uma exposição de pintura com o tema Retratando Belém.



Na evento o artista fará uma exposição de diversas telas com variados temas:

1. Missa do vaqueiro
2. Colheita
3. Plantadores de Cebola
4. Procissão no Ato Bom Jesus
5. Ceasa
6. Academia das Cidades
7. Roda d’água
8. O Sobrado
9. O Carnaval
10. A Feira (Mercado Público)
11. Belém do São Francisco à noite
12. Cine Irapuã
13. Cantoria
14. Banditismo
15. Eletricidade (celpe)
16. Frutas
17. Curral
18. A Feira
19. Igreja Matriz
20. Igreja do Menino Deus
21. O Coreto

Carlos Pintando Belém - Produção: Armazém de Artes