Belém do São Francisco é a cidade apontada para abrigar usinas, caso Pernambuco seja local escolhido
Belém do São Francisco é a cidade escolhida para abrigar as duas usinas nucleares previstas para o Nordeste, caso sejam instaladas em Pernambuco. O município, que está a 486 km do Recife, foi considerado excelente para a atividade pela comissão da Eletronuclear, estatal responsável pela construção das usinas. As duas usinas representam investimentos de R$ 12 bilhões e 1,6 mil empregos. O resultado parcial dos estudos para identificação dos possíveis locais de instalação foi apresentado ontem durante o 3º Congresso de Direito da Energia (Energycon III), no Golden Tulip Recife Palace.
Como já indica o nome da cidade, a proximidade com o Rio São Francisco foi fundamental para a escolha. É preciso estar próximo do litoral ou de rios, por conta da utilização da água para resfriamento dos reatores. Apesar do projeto inicial ser de apenas duas usinas, um dos requisitos era encontrar uma área com capacidade para abarcar até seis usinas, de 7 a 10 km2, o dobro do complexode Angra.
Belém do São Francisco possui um terreno disponível nessas dimensões, com duas vantagens adicionais, segundo Carlos Henrique Mariz, assistente da presidência da Eletronuclear e responsável pelo escritório da estatal no Recife. Uma é que a área pertence a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) - ou seja, não haverá problemas para desapropriação da área, já que é propriedade do governo federal. Além disso, o local está a mais de 10 km do vilarejo mais próximo. Isso é quase o dobro da distância mínima exigida para municípios com até 25 mil habitantes (Belém do São Francisco tem 22 mil), que é de 6 km.
A cidade está próxima de centros urbanos, tem universidade e escolas técnicas. ´Isso facilita na formação de mão de obra`, diz Mariz. Por estar próxima ao complexo de Paulo Afonso, a cidade possui boa infraestrutura rodoviária e de linhas de transmissão.
A REPÚBLICA CHILENA REALIZOU A MAIOR CESARIANA DA HISTÓRIA, MAIS DE TRINTA SERES FORAM RETIRADOS DO ÚTERO DA MÃE TERRA. PARABÉNS AOS NEONASCIDOS COMO HEROIS ÁVALOS FLORÊNCIO E SEUS IRMÃO GÊMEOS.
O Hino Nacional diz em alto e bom tom (ou som, como preferir) que “um filho seu não foge à luta”.
Tanto Serra como Dilma eram militantes estudantis, em 1964, quando os militares, teimosos e arrogantes, resolveram dar o mais besta dos golpes militares da desgraçada história brasileira.
Com alguns tanques nas ruas, muitas lideranças, covardes, medrosas e incapazes de compreender o momento histórico brasileiro, “colocaram o rabinho entre as pernas” e foram para o Chile, França, Canadá, Holanda. Viveram o status de exilado político durante longos 16 anos, em plena mordomia, inclusive com polpudos salários. Foi nas belas praias do Chile, que José Serra conheceu a sua esposa, Mônica Allende Serra, chilena. Outras lideranças não fugiram da luta e obedeceram ao que está escrito em nosso Hino Nacional. Verdadeiros heróis, que pagaram com suas próprias vidas, sofreram prisões e torturas infindáveis, realizaram lutas corajosas para que, hoje, possamos viver em democracia plena, votar livremente, ter liberdade de imprensa. Nesse grupo está Dilma Rousseff. Uma lutadora, fiel guerreira da solidariedade e da democracia. Foi presa e torturada. Não matou ninguém, ao contrário do que informa vários e-mails clandestinos que circulam Brasil afora.
Não sou partidário nem filiado a partido político. Mas sou eleitor. Somente por estes fatos, José Serra fujão, e Dilma Rousseff guerreira, já me bastam para definir o voto na eleição presidencial de 2010. Detesto fujões, detesto covardes!
Com o tema Pernambuco - Cultura e Identidade - "O que a escola tem a ver com isso?", a Escola Estadual Monsenhor João Pires - realizou neste mês de setembro o Folclore 2010 - o público presente pode conferir atavés da música, teatro, dança, literatura a força da cultura pernambucana nos trabalhos apresentados pelos alunos sob a orientação dos professores e gestão escolar.
Neste 7 de setembro de 2010, no Centro Cultural de Belém do São Francisco-PE, haverá uma exposição de pintura do artista plástico Carlos Pinto com o tema "TUDO QUE AJUDA A GENTE A SER MAIS BRASILEIRO.
O surgimento do cinema se deu no século XVIII. A técnica foi desenvolvida no cenário da fotografia, que há muito tempo já existia, a partir de uma combinação de lanterna mágica com imagens fixas de filmes sem movimento e que era considerada a invenção do século.Desde a invenção do cinema, diversos cientistas contribuíram com suas experiências e inovações para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da película fotográfica. O belga Joseph-Antoine Plateau, em 1824, inventou um aparelho que provocava a ilusão do movimento. Depois surgiram aparelhos semelhantes, que funcionavam com desenhos e fotografia. Porém, os primeiros a fazer e projetar filmes (fotografia animada) foram os irmãos franceses Louis e Auguste Lumière em 1895. Entretanto, foi só a partir de 1908, com o trabalho do norte americano David Griffth e a utilização do jogo de câmeras, luz, o efeito claro-escuro e os movimentos das imagens nas telas, que o cinema passou a ser reconhecido como arte cinematográfica, madura e independente. Sendo denominada de Sétima Arte.Até 1927, os filmes eram mudos. Era comum os cinemas contratarem pianistas para executar um fundo musical durante toda a projeção. O primeiro filme sonoro, O cantor de jazz, foi realizado nos Estados Unidos por Alan Crosland.No início da década de 1920, o cinema mudo invade as principais capitais brasileiras como o Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre e o Recife, através do movimento nacional pró-cinema, promovido pela publicidade das revistas Para Todos e Selecta, que na época eram os maiores veículos de comunicação de massa.Na fase pioneira do cinema brasileiro surgiram os ciclos regionais, que eram movimentos anti-estrangeirismos. Os filmes eram produzidos a partir da realidade sociocultural do povo brasileiro. Desses ciclos o que mais produziu foi o de Pernambuco.A história do cinema pernambucano, iniciada em 1922, foi marcada por dois momentos importantes para o cinema regionalista brasileiro. O primeiro foi o chamado Ciclo do Recife, na década de 20, e o segundo foi o movimento Super 8, na década de 70, cujos documentários se encontram sob a guarda da Coordenação de Som, Imagem e Microfilmes da Fundação Joaquim Nabuco.O Ciclo do Recife foi um dos mais importantes e mais movimentados do cinema mudo regionalista, durando cerca de nove anos. Reuniu inúmeros jovens, de diversas categorias profissionais, que dividiam o tempo entre a profissão e a arte de fazer cinema.Destacaram-se, nesta fase áurea os jovens: Edson Chagas, Gentil Roiz, Ary Severo e Jota Soares, que se uniram em favor do resgate da memória nacional, porque até então os filmes que chegavam ao Brasil e faziam sucesso no mundo inteiro eram os norte- americanos, totalmente dissociados do contexto da sociedade brasileira.Nesta época, registrou-se a maior produção de filmes de longa-metragem e documentários genuinamente brasileiros, baseados em temas do cotidiano da sociedade recifense como: Retribuição; Aitaré da Praia; Um dia na fazenda; Um ato de humanidade; Jurando vingar; Filho sem mãe; Grandezas de Pernambuco; Histórias de uma alma; Herói do século vinte; A filha do advogado; Sangue de irmãos; Reveses, dança, amor e ventura; Destino das rosas; No cenário da vida entre outros.Retribuição foi o primeiro filme de enredo realizado em Pernambuco, em 1924-1925, escrito por Gentil Roiz, baseado no tema de bandido, mocinha, mina e muita confusão. Dirigido pela equipe de Barreto Junior, Almery Steves, Eronides Andrade e produzido pela Aurora Filmes.Outro filme que merece destaque no Ciclo do Recife é Aitaré da Praia, também produzido pela Aurora Filmes, baseado num tema regional sobre jangadeiros, considerado o melhor e mais bem acabado filme em 35mm. Teve a mais elogiada equipe de protagonistas composta por Ary Severo, Jota Soares, Rilda Fernandes, Almery Steves e direção de Gentil Roiz, considerado o melhor diretor.No boom do Ciclo do Recife foram fundadas diversas produtoras de cinema como a Aurora Filmes, que foi a primeira produtora de fitas de enredo do Nordeste, com sede à Rua de São João, no bairro de São José, no Recife, a Olinda Filmes e a Vera Cruz, entre outras. Foram construídas também muitas salas de projeção, destinadas à exibição dos filmes mudos da década de 1920, como o cinema do Parque, o Moderno, o Helvética, o Royal, o Pathé. O Royal, que funcionava na Rua Nova, nº 47, foi, no entanto, o destaque da década. Tornou-se o templo sagrado do romantismo do cinema mudo de Pernambuco, porque o seu proprietário, Joaquim Matos, a cada lançamento de um novo filme pernambucano, fazia questão de enfeitá-la com bandeirolas e folhas de canela para atrair o público recifense.Apesar da grande repercussão nacional do cinema mudo, em 1931, oCiclo do Recife, começou sua decadência, devido a diversos fatores como o econômico, a competitividade do mercado cinematográfico e o surgimento do cinema sonoro de origem norte americana. Este último foi o que mais contribuiu para a falência, não somente do cinema pernambucano, mas do cinema brasileiro. Mesmo com a falência deflagrada, um grupo de cineastas ainda conseguiu realizar o último filme do heróico Ciclo do Recife, Cenário da vida, de Jota Soares e Mário Furtado de Mendonça.No período compreendido entre 1931 e 1969, o cinema pernambucano teve uma baixa considerável na produção de filmes 35mm, mas conseguiu realizar o primeiro filme sonoro, O coelho sai, escrito por Newton Paiva e Firmo Neto, cuja cópia foi destruída num incêndio. Outros filmes produzidos neste intervalo foram documentários com temas antropológicos, patrocinados pelo Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais e dirigidos pelos pesquisadores franceses, Arnaldo Laroche e Romain Lesage.Além desses documentários foram realizados outros dois longa-metragem: as adaptações da peça teatral o Auto da compadecida deAriano Suassuna e do poema Morte e vida Severina de João Cabral de Mello Neto, em filmes de 35mm.Na década de 1970, o mercado internacional faz o lançamento de mais uma inovação, a bitola do Super-8, que revolucionou o mundo internacional do cinema. O Ciclo do Super-8 começou no Recife em 1973, através de um movimento tão importante quanto o Ciclo do Recife, mas com o detalhe de ser um cinema inovador de cunho nacionalista, como o desejavam os superoitistas que dele participaram. Outra característica deste movimento foi o seu limitado espaço de existência, que se restringiu aos Festivais Nacionais de Curta Metragem realizados nas capitais brasileiras.O Primeiro Festival Nacional de Filme Super-8, aconteceu em Curitiba no mês de abril de 1974. Entre os 64 filmes concorrentes, quatro deles eram pernambucanos: Caboclinhos do Recife (Fernando Spencer); Bajado, um artista de Olinda (Fernando Spencer e Celso Marconi); Agórgona doméstica e Vaquejada (Athos Cardoso e Osman Godoy).Apesar da curta duração do Super 8, Pernambuco teve participação ativa nos filmes de curta metragem. E a maior contribuição aconteceu nos festivais realizados em 1977, 1978 e 1979.Entre os superoitistas pernambucanos que merecem elogios pelo bom desempenho na cinematografia pernambucana estão Jomar Muniz de Brito, Geneton Moraes Neto, Fernando Spencer, Celso Marconi, Walderes Soares, Paulo Menelau e muitos outros. Porém Fernando Spencer foi considerado o maior produtor e incentivador do Grupo Super 8, com cerca de 36 filmes documentários baseados em temas de manifestações culturais pernambucana.O que realmente ficou registrado na história do cinema pernambucano, foi a forte tendência nacionalista e libertadora, gerada no seio da sociedade pela mobilização de grupos de pessoas que viveram em épocas distintas e que, apesar das dificuldades técnicas, econômicas e políticas, conseguiram ultrapassar essas barreiras e mostrar através da arte cinematográfica a autêntica cultura popular nordestina.As produções posteriores a esses ciclos são impulsionadas pelo mesmo sentimento libertário, buscando os mesmos objetivos, cujo compromisso é o resgate da cultura sem perder as raízes, construindo uma visão multicultural, aberta e contemporânea.
Em cenário imaginário, sem limitação ou localização geográfica, passa a maior parte de Sertanílias, um romance de cavalaria escrito pelo compositor e violonista baiano Elomar Figueira Mello. Um livro com letras graúdas, de leitura confortável, que será lançado no próximo dia 8, às 18 horas, na Aliança Francesa, com noite de autógrafos às 20 horas, no Grande Sertão.
Isolado, arredio, rodeado de uma aura inacessível e anti-social, avesso a parafernálias eletrônicas, Elomar nos recebe numa pequena sala numa manhã amena de terça, a poucos dias do embarque para a Europa. Neste sábado, ele seria um dos destaques do Teatro Municipal da Guarda (TMG), em Portugal.
Sertanílias pode ser resumido como o resgate do gênero de romance de cavalaria e consegue ser, ao mesmo tempo, atemporal e contemporâneo. O escritor concorda. “Meu texto, quer romance, quer canção, quer na ópera, sempre foi atemporal. Eu não tolero a temporalidade, ainda mais o presente que eu tenho pavor, horror, asco, nojo”.
SERTANO – No Sertão Profundo, à beira de uma lagoa quadrada, no Baixio dos Pelegos – por onde passam tropas e tropeiros e vaqueiros contam causos de aleivosias, assombração e pantomima –, mora Sertano, um anti-herói que não derrama sangue, que não mata, mas também não morre; não ama e, se é amado, que seja pelos inseparáveis amigos da lida: Tinga, Terêncio, Celestino e Caçula.
Homem rico, herdeiro de terras e gado, convive harmoniosamente com vaqueiros outros, igualmente possuidores de terras e de gado e que cuidam das suas coisas. A terra de Sertano se assemelha a um paraíso socialista de Primeiro Mundo, onde ninguém tem ordenado ou é empregado de ninguém. “Nada a ver com comunismos, socialismos e suas laias”, frisa Elomar.
Na sua pré-fala, corruptela para prefácio, Elomar descreve Sertano e sua indumentária nada convencional de forma telúrica. O anti-herói porta uma pistola de pirata e um facão cimitarrado (sabre oriental de lâmina larga e recurva, e que tem um só gume).“É um guerreiro muito adestrado para combates e campos de justas, vivendo em seu imenso mundo hermética e inviolavelmente lacrado por uma delgada película que deve ter a espessura imaterial de um plano, porém, com a impenetrabilidade da quarta dimensão – segundo um regime apenas teocrático”, completa.
Sem pretensões de se tornar um fenômeno de vendas, Sertanílias é leitura obrigatória dentro ou fora do “casulo” academicista, porém seus traços “multilinguagem” exigem que o leitor lance mão de recursos de pesquisa a fim de entender passagens em francês, latim, espanhol, grego e o instigante dialeto “sertanez”, cunhado na caatinga.
CULTO – Não demora muito e logo nos deparamos com as proezas do anti-herói Sertano, um vaqueiro culto que lê Virgílio, Flaubert e Herculano sem recorrer a dicionários e que sabe das coisas, um bocado delas que habita mundos de físicas e matemáticas conhecidas e não conhecidas. Tudo se passa no Brasil, não se sabe onde. Uma pista nos conduz ao Rio São Francisco, onde as personagens encontram um príncipe, figuras encantadas e até a temível cobra grande.
“O Brasil é um mosaico cultural fantástico”, deixa escapar o autor, durante um bate-papo com a equipe de A TARDE. As boas lembranças do tempo em que histórias sobre criaturas do nosso folclore antecipam a hora do sono, quando criança, quebraram o gelo daquele encontro. Nada de fotografia, nada de gravador. Apenas papel, caneta e muita atenção para assimilar a essência do romance, nas palavras do próprio Elomar.
“Sertano foge desse clichê clássico de herói, porque todo herói de romance de cavalaria, que não seja de aventura, geralmente é imbatível, um super-homem; pega a moça mais bonita, bala não pega nele, a espada não fura e ele sempre mata o outro. Esses romances sempre são banhados, torrencialmente, de sangue”.
————————————————————–
TRECHO DO LIVRO SERTANÍLIAS
Então Sertano resolveu ir pelos conselhos de Boatarde. Foi ver Ôra. Estava lá com a mão esquerda firmemente agarrada à cintura fina do pilão enquanto também a direita firmemente pilava alho agarrada à mão e sal para tempêro: tam, tam, tam! A outra escrevia uma carta, é o que parece, sendo que, de quando em vez enxugava com as costas o suor da testa. Não se lamentava dessa vez, portanto. Não sei com que qual mão.
- Por que não fostes ver-me na noite da esquina na pedra!
- Cronos, bem o sabes.
- E as asas?
- Uma achacada de males e a outra très malade!
- Mesmo de depenados voa o pensamento.
- Voei.
- Muito agradeço, filho; não te vi, mas senti tua presença. Foi quando me veio aos poros o suave cheiro da lã dos carneiros. Os teus irmãos estão muito longe, apressa-te pois, o país de Ofir demora em antiquíssimas terras de Suleiman. Vá sempre rumo Norte. Por que viestes a mim, tendo que enfrentar tão de agruras o caminho que não pode percorrer Russo Pombo?
- Porque assim importa. Não viemos eu e você em busca de prazeres, esses vitae. Esta é a singular! Isto para o onagro sim et leo, bem é que você sabe.
- Filho, de volta com os manos pousa acá?
- Sim, ao teu coração agrado se isto trouxer.
- Será inverno, Mêanoite nos dentes trará a lenha.
- Campolino?
- Não, da irmã da mãe o que não devo.
- Virei?
- Virás! Não vês o preparo já?
- Sim. E virei para o guisado em que quadra do inverno?
- Será num minguante. Mas, por favor, não te enredes! Eu te peço em nome d´Aquele que vestiu a casca indigna.
- Como assim? Por favor, Ôra, me revela este negócio.
- Ela! Não te enredes. Nem ela sabe que é um laço! Não te deixes enredar, eu te peço. Ele, o Rei que Deus dignou-se visitar-lhe com Sophia. Por Ele eu peço. Não te deixes enredar. Quosque tamdem. Memento quid Sapientis oculi in capite eius; stultus in tenebris ambulat.
- Sempre comigo levo estes valores.
- Dic Sapientiae: Soror mea est et Prudentiam voca amicam tuam; ut custodia te at muliere extranea.
- Bem assentado está nas paredes do meu coração: Ne attendas fallacia mulieres; favos enim distillans lábia meretricis. Pedes eius descendunt in mortem. A quem escreve?
- Assento os teus dizeres, porque o que vós falais isso você é. Deus fala ao homem em sua língua própria, cabe ao coração do homem ordenar-lhe a gramática. Tenho eu porventura a quem escrever?
- Tem ido ao combate?
- Vai tempos que vi o Leviatã. Ai vezes! Quando penso que me estou aperreando. Mãopelada sempre me traz notícias de lá na passada da cruviana se na visita do espanto quem ronda pela manhã. Não te alongues por muito. Mãos que destilam sangue as vejo sempre que ego estou sem dormir enquanto eu durmo ouvindo o relinchar das éguas que vagam serenas pelas bordas dos banhados; porquanto o Grande Cão, o cadelo azul, tanto ladrou de porta em porta essa noite passada te anunciando em hora incerta no ladrar da belanova a canção de teus passos, o hino de tua chegada; bem não esperava agora, no frio da madrugada virias com Mêanoite, um pouco antes da alva, mas antes de um pouco da aurora e pensei que via tua sombra que me espanta e que me traz alegria, a sombra de meu amado, tanto é o tempo em que não o via. Não te alongues quosque tandem estarei aqui desde o porvir até o presente que tanto te espero.
Então, dos olhos profundos de Ôra, disse para os ouvidos atentos dos olhos que Sertano serenamente registrou com muito pesar e dor nos abissais de sua alma em festa, ferida lembrança das coisas, das coisas pretéritas irrecuperavelmente perdidas…
Ai de mim que narro essas coisas, desenhos de paisagens a que nunca se deve volver para ver novamente as impossibilidades de um tempo pretérito cravado, apunhalado e enferrujado no coração como um presente de só quem nos odeia e bem algum nos guarda em seus desejos.
Assim, Sertano entrou e saiu nodo terceiro mundo de Ôra que habita entre muralhas encravadas no coração do Sertão Profundo.
Elomar nasceu em Vitória da Conquista, em 21 de dezembro de 1937. E para falar sobre ele, insiro aqui o texto de Vinícius de Moraes, para a contracapa do LP "Elomar ...das barrancas do Rio Gavião", de 1973:
"A mim me parece um disparate que exista mar em seu nome, porque um nada tem a ver com o outro, No dia em que "o sertão virar mar", como na cantiga, minha impressão é que Elomar vai juntar seus bodes, de que tem uma grande criação em sua fazenda "Duas Passagens", entre as serras da Sussuarana e da Prata, em plena caatinga baiana, e os irá tangendo até encontrar novas terras áridas, onde sobrevivam apenas os bichos e as plantas que, como ele, não precisam de umidade para viver; e ali fincar novos marcos e ficar em paz entre suas amigas as cascavéis e as tarântulas, compondo ao violão suas lindas baladas e mirando sua plantação particular de estrelas que, no ar enxuto e rigoroso, vão se desdobrando à medida que o olhar se acomoda ao céu, até penetrar novas fazendas celestes além, sempre além, no infinito latifúndio.
Pois assim é Elomar Figueira de Melo: um príncipe da caatinga, que o mantém desidratado como um couro bem curtido, em seus 34 anos de vida e muitos séculos de cultura musical, nisso que suas composições são uma sábia mistura do romanceiro medieval, tal como era praticado pelos reis-cavalheiros e menestréis errantes e que culminou na época de Elizabeth, da Inglaterra; e do cancioneiro do Nordeste, com suas toadas em terças plangentes e suas canções de cordel, que trazem logo à mente os brancos e planos caminhos desolados do sertão, no fim extremo dos quais reponta de repente um cego cantador com os olhos comidos de glaucoma e guiado por um menino - anjo a cantar façanhas de antigos cangaceiros ou "causos" escabrosos de paixões espúrias sob o sol assassino do agreste.
Elomar nasceu em Vitória da Conquista, cidade que também deu vez a Glauber Rocha e Zu Campos, e depois de formar-se em arquitetura pela Universidade Federal da Bahia, ocupa atualmente o cargo de Diretor de Urbanismo em sua cidade. Mas do que gosta realmente é de sua caatingueira, uma das mais ásperas do sertão brasileiro, onde cria bodes e carneiros. Já me foi contado que um de seus reprodutores, o famoso bode "Francisco Orellana", quando a umidade do ar apresenta seus índices mais baixos - que usualmente é 10 graus - senta-se em posição estratégica sobre as patas traseiras e não se peja de urinar na própria boca, de modo a aproveitar, num instintivo e engenhoso recurso ecológico, a própria água do corpo para dessedentar-se.
E tem a onça. Vez por outra, a madrugada restitui a carcaça sangrenta de um bode ou um carneiro, e todas as preocupações cessam, a não ser chumbar a bicha. E a conversa entre os fazendeiros fica sendo apenas essa: onça, suas manias, suas manhas, seus pontos fracos.
Todo mundo se oncifica. Elomar sai à noite para tocaiá-la, e quando a avista só atira nela de frente. - Um bicho que vem de tão longe para matar meus bodes, esse eu respeito! - diz ele em seu sotaque matuto (apesar da boa cultura geral que tem) e que faz questão de não perder por nada, enojado que está da nossa suposta civilização.
Quando lhe manifestei desejo de passar uns dias em sua companhia e de sua família (Elomar é casado e tem um par de filhos, sendo que a menina tem o lindo nome de Rosa Duprado) para descobrir, em sua companhia e ao som do excelente violão que toca, essas estrelas reconditas que já não se consegue mais ver nos nossos céus poluídos, Elomar me disse: - Pode vir quando quiser. Deixe só eu ajeitar a casa, que não está boa, e afastar um pouco dali minhas cascavéis e minhas tarântulas...
É... Quem sabe não vai ser lá, no barato das galáxias e da música de Elomar, que eu vou acabar amarrando um bode definitivo e ficar curtindo uma de pastor de estrelas..."
Provavelmente originário da África, o jumento (Equus asinus), é um dos animais que mais se adaptaram ao semi-árido nordestino, se alimenta até de cactáceas, é capaz de ficar sem beber água por um longo tempo, podendo perder até um quarto do seu peso por desidratação. É muito utilizado para tração, oferecendo uma alternativa no transporte de carga e passageiros nas classes menos favorecidas. Inspirado nas qualidades deste animal, o poeta cearense José Clementino, fez uma homenagem ao jumento na composição “Apologia ao Jumento”, a música ficou imortalizada na voz do saudoso Luiz Gonzaga.
Entretanto, a sua criação extensiva vem representando um grande perigo aos motoristas das rodovias estaduais e federais da sub-região sertaneja. É alarmante o número de acidentes automobilísticos provocados pelo grande número destes animais nas estradas. A ausência de cercas nas várias propriedades próximas as rodovias, permitem que equinos, além do gado bovino, caprinos e outros circulem livremente e acessem as estradas.
Este é um problema antigo no acesso aos municípios sertanejos, porém, é tratado com descaso pelas autoridades competentes. Fico imaginando o porquê da ausência dos mecanismos federal, estadual e municipal na busca por soluções para minimizar e resolver este problema. Quantos acidentes, quantas vítimas ainda serão necessárias para que possamos finalmente ter animais e condutores de veículos automotores em segurança no tráfego das estradas?
Com a inserção do município de Belém de São Francisco no pólo caranavalesco do estado, temos a oportunidade de presenciar a verdadeira cultura carnavalesca peranambucana através das apresentações dos grupos de cultura popular e suas exibições com ciranda, côco, maracatu, marchinhas, frevo e outras. Nossos municípes, não conhecedores de taís manifestaões, certamente, irão estranhar, pois a grande maioria, nunca teve a oportunidade de ver uma apresentação destas modalidades culturais. A inclusão deste município como polo de caranaval, será uma grande oportunidade para Belém e cidades circunvizinhas terem acesso a verdadeira cultura carnavalesca pernambucana, um presente mais do que merecido para a terra da centenária filarmônica Dionon Pires e dos primeiros bonecos gigantes do Brasil - Zé Pereirae Vitalina.